domingo, 29 de janeiro de 2012

Apresentação na DRUID Academy Conference 2012

Prezados

Segue a apresentação que fiz dia 20 passado na DRUID Academy Conference 2012, realizada em
Cambridge - UK, de 19 a 21 de janeiro de 2012.



O artigo relativo à apresentação está disponível em:

http://druid8.sit.aau.dk/acc_papers/534ver8gbikdxli8v467pfxeif1v.pdf


Forte abraço

Fernando Goldman



domingo, 15 de janeiro de 2012

E Piaget? onde entra nesta história?

Prezado Cláudio



Muito interessantes e oportunas suas considerações sobre a Teoria Piagetiana.


Segue um pequeno trecho do meu livro ‘O que é Gestão do Conhecimento?’, ainda no prelo, para ilustrar o assunto:


A Epistemologia Genética de Piaget é uma teoria que analisa o comportamento psicológico humano, área normalmente afeta à Psicologia, embora Piaget não fosse psicólogo. Analisa aspectos relacionados ao aprendizado, área normalmente afeta à Pedagogia, embora Piaget não fosse pedagogo.


Como biólogo o interesse de Piaget, ao desenvolver sua teoria, era dar uma fundamentação à forma de como se "constrói" o conhecimento humano.


Sua teoria pode ser considerada um meio termo entre o apriorismo – pois não aceita que todo o conhecimento seja, a priori, inerente ao próprio sujeito – e o empirismo – ao não aceitar que o conhecimento provenha totalmente das observações do meio que cerca o sujeito.


A teoria de Piaget é denominada de "Construtivismo", por entender o conhecimento como um processo permanentemente em desenvolvimento, que estará sempre sendo construído através das interações entre o sujeito e seu meio.
Para aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre o construtivismo ou maiores informações sobre o que ele é, eu recomendo o artigo de Fernando Becker: ‘O Que é construtivismo?’, publicado na Revista de Educação ( AEC, Brasília, DF, v. 21, n. 83, p. 7-15, 1992) e disponível em http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_20_p087-093_c.pdf .


Embora a Epistemologia Genética seja uma boa teoria para tentarmos entender o mecanismos de aprendizado de um ser humano, ela não nos informa o suficiente sobre o assunto que está sendo aqui discutido, ou seja, o conhecimento no âmbito organizacional.


Uma vez que adotamos uma abordagem social-construtivista, resta discutir a existência, ou não, de um ‘conhecimento objetivo’, independente do conhecedor.


Sua ideia de trazer Piaget à nossa discussão foi muito boa e trouxe luz sobre alguns aspectos muito importantes sobre com se dá a construção do conhecimento, mas eu não saberia dizer se na imensa obra dele, ele chegou a abordar o aspectos de análise do conhecimento em si. Confesso que conheço superficialmente a obra de Piaget, que segundo consta tem mais páginas que a Enciclopédia Britânica, mas creio que ele estava interessado nos aspectos mais conceituais de como se dá o aprendizado humano, não entrando no mérito se a construção do conhecimento é um processo apenas mental ou mental/corporal. Se ela se dá apenas conscientemente ou também de forma inconsciente, como explicou Polanyi.


Forte abraço


Fernando Goldman

* Mensagem publicada originalmente na comunidade KM4Dev Brazil em 12.01.2012

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O conhecimento objetivo*

Prezado Sebastião


Realmente estamos diante de uma diferença de definições do conhecimento, que é fundamental, porém muitas vezes negligenciada.

Eu gosto e uso com muita frequência uma frase da Verna Alee, que diz que ‘a forma como você define conhecimento, define a forma como você o gerencia’.

Esta pequena frase traz em si uma série de importantes ideias. A primeira delas é que o conhecimento é um fenômeno social. Conhecimento é aquilo definimos, de acordo com a comunidade epistemológica à qual pertencemos, ou à qual queremos compor.

Então, de imediato, devemos encarar com naturalidade o fato de termos conceituações diferentes para o conhecimento e me parece que você tem toda razão quando diz que seria interessante compararmos nossas conceituações para ver se aprendemos algo de tal comparação.

Há por trás de nossa diferença de conceituação uma grande batalha filosófica. Algo que só é acessível àqueles que - conforme o chavão - acreditam na força das ideias e não na ideia da força.

A grande batalha à qual me refiro é entre o subjetivismo e o objetivismo. É a batalha à qual Michael Polanyi dedicou os últimos anos de sua vida. Polanyi identificava o objetivismo contido no positivismo da ciência – na ideia de um conhecimento não contaminado pelas ideias e pelos modelos mentais de seu criador - como responsável pelo aparecimento dos regimes totalitários - que emergiram na primeira metade do século XX - e se dedicou à ideia de que não existe uma coisa tal como um conhecimento objetivo, independente das características pessoais do ser humano que o criou.

Mas é importante entender que determinadas conceituações – mesmo que parecendo simplistas - podem ser úteis para determinadas tarefas e só se mostrem inadequadas quando se precisa aprofundar a análise. Por exemplo, antigamente quando uma professora dizia que uma criança ia à escola de primeiro grau para receber conhecimentos, talvez não valesse à pena ser crítico ao quanto a frase poderia ou deveria ser questionada.

Hoje, com o aparecimento do google e outras ferramentas, que disponibilizam um mundo de informações e que grande parte daquilo que o professor anotava no quadro-negro está disponível na Internet, a custo e esforço zero, vai ficando cada vez mais claro o grande papel da escola de ensinar à criança a pensar, a interagir socialmente e por aí vai.

Não gosto de me alongar demais em minhas postagens por isso gostaria de ouvir outras opiniões, antes de prosseguir na ideia da importância de se diferenciar informação e conhecimento e se existe tal coisa como um conhecimento objetivo.

Forte abraço

Fernando Goldman

* Mensagem publicada originalmente na comunidade KM4Dev Brazil em 11.01.2012

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Belo Monte: 36 anos de discussões

Prezados


Para quem tem interesse em melhor conhecer a citada polêmica sobre a construção da Usina de Belo Monte, a revista O Setor Elétrico acaba de publicar um artigo da jornalista Flávia Lima, intitulado Belo Monte: 36 anos de discussões.

O artigo está disponível em http://www.osetoreletrico.com.br/web/colunistas/joao-jose-barrico-de-souza/754-belo-monte-36-anos-de-discussoes.html .

No artigo vocês encontrarão uma pequena declaração minha, que reproduzo abaixo:

Na opinião do engenheiro Fernando Goldman, doutorando do Programa de Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPED/UFRJ), a construção de uma grande hidrelétrica como esta significa um impacto ambiental em uma área muito maior do que a do reservatório, impacto este que precisa ser avaliado antes e monitorado depois para ver os resultados. “Quando se faz isto em um ambiente tão complexo quanto a Floresta Amazônica, com suas múltiplas interações, abre-se mão do princípio da precaução. Não há resultados garantidos visto que se está falando de uma decisão tomada em contexto de incerteza (não de risco) e racionalidade limitada”, argumenta.


Para ele, continuar com Belo Monte significa, acima de tudo, “abrir mão do potencial brasileiro de transição para uma economia de baixo carbono, que poderia ser benéfica a todos os brasileiros, em nome da manutenção de um modelo que já apresentou bons resultados décadas atrás, em outro contexto, mas que hoje está ultrapassado, se mostrando concentrador de rendas”.
Forte abraço

Fernando Goldman

A verdadeira polêmica de Belo Monte*

Prezado Sebastião


Sua última frase, sobre a necessidade do Brasil dar uma certa atenção ao fluxo e a capacidade de absorção/apropriação do conhecimento que está sendo produzido hoje, pode ser melhor avaliada pela polêmica, ou por uma falsa polêmica, quanto a construção da Usina de Belo Monte, que rola por aqui.

Aquilo que eu venho chamando de o “rolo compressor da solução hidrelétrica” vem minando qualquer tentativa de debate sério de políticas públicas voltadas à criação de conhecimento no país.

Há uma clara tentativa de desviar o foco do debate, discutindo se: é possivel ou não construir a famigerada usina, se ela afetará os índios, se ela inundará 580 ou 640 km2, se ela ajuda ou não o sistema elétrico nacional e uma série de discussões de menor importância frente a verdadeira discussão que se deveria fazer, que seria:

continuar investindo em geração centralizada de grande porte e transmissão a longas distâncias, com tecnologia importada já amadurecida e/ou nacional de baixo impacto seria a melhor alternativa de investimento para o conhecimento do país?
Notícia do Jornal da Energia de 04/01/2012, disponível em http://www.jornaldaenergia.com.br/ler_noticia.php?id_noticia=8678&id_tipo=2&id_secao=17&id_pai=0&titulo_info=Reino%20Unido%3A%20energia%20limpa%20gera%20empregos informa que em meio à crise europeia, o secretário de Estado para o Departamento de Energia e Mudança Climática do Reino Unido, Chris Hune, voltou a defender os benefícios econômicos dos investimentos em energia renovável. E quando ele fala em energia renovável ele está pensando em energia sustentável e não em hidrelétricas de grande porte, com seus proporcionais impactos ambientais, locais e sistêmicos.

A informação é que, até o final do ano passado, empresas do setor já haviam anunciado planos de investimento de quase 2,5 bilhões de libras - cerca de R$7,1 bilhões - em projetos de energia limpa naquele país, com potencial para a criação de 12 mil empregos.

Segundo o tal do Chris Hune, é a oportunidade dos tradicionais centros industriais prosperarem novamente, ou seja, é a determinação do Reino Unido de se adequar ao século XXI, gerando tecnologia (conhecimento), enquanto o Brasil enterra, ou afunda, pelo menos R$ 30 bilhões em tecnologia desenvolvida no início do século XX, sem levar em conta o tipo de empregos gerados.

Forte abraço

Fernando Goldman

* Mensagem publicada originalmente na comunidade KM4Dev Brazil em 10.01.2012