quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O conhecimento objetivo*

Prezado Sebastião


Realmente estamos diante de uma diferença de definições do conhecimento, que é fundamental, porém muitas vezes negligenciada.

Eu gosto e uso com muita frequência uma frase da Verna Alee, que diz que ‘a forma como você define conhecimento, define a forma como você o gerencia’.

Esta pequena frase traz em si uma série de importantes ideias. A primeira delas é que o conhecimento é um fenômeno social. Conhecimento é aquilo definimos, de acordo com a comunidade epistemológica à qual pertencemos, ou à qual queremos compor.

Então, de imediato, devemos encarar com naturalidade o fato de termos conceituações diferentes para o conhecimento e me parece que você tem toda razão quando diz que seria interessante compararmos nossas conceituações para ver se aprendemos algo de tal comparação.

Há por trás de nossa diferença de conceituação uma grande batalha filosófica. Algo que só é acessível àqueles que - conforme o chavão - acreditam na força das ideias e não na ideia da força.

A grande batalha à qual me refiro é entre o subjetivismo e o objetivismo. É a batalha à qual Michael Polanyi dedicou os últimos anos de sua vida. Polanyi identificava o objetivismo contido no positivismo da ciência – na ideia de um conhecimento não contaminado pelas ideias e pelos modelos mentais de seu criador - como responsável pelo aparecimento dos regimes totalitários - que emergiram na primeira metade do século XX - e se dedicou à ideia de que não existe uma coisa tal como um conhecimento objetivo, independente das características pessoais do ser humano que o criou.

Mas é importante entender que determinadas conceituações – mesmo que parecendo simplistas - podem ser úteis para determinadas tarefas e só se mostrem inadequadas quando se precisa aprofundar a análise. Por exemplo, antigamente quando uma professora dizia que uma criança ia à escola de primeiro grau para receber conhecimentos, talvez não valesse à pena ser crítico ao quanto a frase poderia ou deveria ser questionada.

Hoje, com o aparecimento do google e outras ferramentas, que disponibilizam um mundo de informações e que grande parte daquilo que o professor anotava no quadro-negro está disponível na Internet, a custo e esforço zero, vai ficando cada vez mais claro o grande papel da escola de ensinar à criança a pensar, a interagir socialmente e por aí vai.

Não gosto de me alongar demais em minhas postagens por isso gostaria de ouvir outras opiniões, antes de prosseguir na ideia da importância de se diferenciar informação e conhecimento e se existe tal coisa como um conhecimento objetivo.

Forte abraço

Fernando Goldman

* Mensagem publicada originalmente na comunidade KM4Dev Brazil em 11.01.2012

2 comentários:

Ferdinand disse...

Fernando
Não poderíamos considerar como conhecimento objetivo todas as leis físicas e matemáticas que emulam com bastante aproximação como funciona a "elusiva realidade"?
Decerto há que se conhecer os códigos. Mas também não há como conferir se funciona se não tiveres um critério de avaliação, e este também passa por um código.
Penso que não há vida sem um código, da mesma forma que Einstein dizia que "sem movimento, nada acontece".

DenyCerqueira disse...

Olá
Que bom encontrar espaço para estender meu conhecimento, aproveitando os beneficios das trocas é simplesmente maravilhoso.

Para mim conhecimneto é quando eu internalizo o conteúdo, é o que aprendo com minhas vivências.