sábado, 29 de novembro de 2008

A Burguesia Gerencial

Dizem que toda piada tem um fundo de verdade.

Eu recebi outro dia, através da lista do Rubens Queiroz de Almeida, uma anedota em inglês (http://www.aprendendoingles.com.br/shtml/2008315.shtml), que traduzo e adapto assim:

A chamada Seleção Negativa, em política, consiste em um processo que ocorre em burocracias rigidamente hierarquizadas, cujos casos extremos seriam as ditaduras.
A idéia é que as pessoas no topo da hierarquia, que normalmente pretendem permanecer indefinidamente no poder, escolhem seus subordinados com um critério principal : incompetência. Pelo menos incompetência suficiente para não lhes ameaçar o poder.
Os a eles subordinados que façam o mesmo com seus respectivos subordinados, e assim a hierarquia é progressivamente preenchida com mais e mais pessoas suficientemente incompetentes.
No entanto, sempre que o ditador ou a cúpula do poder se vê ameaçada, remove aquelas pessoas que lhes são ligadas e ameaçam suas posições. Esta "limpeza" na hierarquia irá abrir vagas, normalmente preenchidas com subalternos dos expurgados, ou seja, aqueles que eram menos competentes do que os seus superiores anteriores. Então, ao longo do tempo, a hierarquia se torna cada vez menos eficaz. Como isto acontece com relativa freqüência, uma vez que ditadores morrem, se aposentam ou são removidos por alguma influência externa, o resultado é uma hierarquia, a grosso modo, ineficaz.

Talvez seja só uma piada.

Mas o fato é que um dos aspectos mais importantes na Gestão do Conhecimento Organizacional diz respeito ao processo de formação da Burguesia Gerencial. Isto talvez explique porque muitos sabiamente preferem “comprar softwares para Gestão do Conhecimento” ou investir pesadamente em treinamento, travestido de Educação Corporativa. Para eles, melhor parecer que está se fazendo alguma coisa, do que efetivamente colocar o dedo na ferida da Gestão do Conhecimento Organizacional.

Voltarei ao tema.

Forte abraço

Fernando Goldman

A coisa mais importante que aprendi no Chile

"Em minha casa reuni brinquedos pequenos e grandes, sem os quais não poderia viver. O menino que não brinca não é menino, mas o homem que não brinca perdeu para sempre o menino que vivia nele e que lhe fará muita falta." [Pablo Neruda]

sábado, 15 de novembro de 2008

Tour de KM na Alemanha

Prezados

De imediato gostaria de deixar claro que minha intenção com esta postagem não é promover a excursão aqui citada, mas sim refletir um pouco sobre ela. Pensar o quanto é significativo poder fazer um tour de campeões do conhecimento em um único País.

Dando uma navegada no Inside Knowledge Magazine, http://www.ikmagazine.com/, me deparei com o convite para uma excursão meio inusitada por aqui. Um tour de estudo sobre KM para visitar pelo menos 10 organizações alemãs baseadas no conhecimento e encontrar com os seus campeões em KM. Este tour está programado para de 1 a 5 de dezembro próximo.
Como a expectativa é de que a maioria do grupo seja de fora da Alemanha, todas as apresentações serão em Inglês.
Além das visitas às empresas, os organizadores do tour planejam oficinas e oportunidades de partilha de conhecimentos e networking para os que participam do passeio completo. Outros podem escolher estar a bordo do ônibus para um dia ou mais ao longo do percurso. Detalhes da rota podem ser obtidas em: http://www.benchmarkingpartnerships.com.au/w_KMChampions-Germany.htm .
As visitas incluem a Atlas Elektronik cujo líder foi nomeado gerente de conhecimento do ano em 2003; a Airbus, que ganhou o Prêmio de Excelência Corporativa, em 2007; a GTZ cujo líder de KM foi escolhido como o KM do ano em 2007; a BMWi / Sociedade Fraunhofer, o Ministério Federal da Economia e Tecnologia; a Siemens, escolhido pelo APQC como o associado com Melhores Práticas em 2007 mostrando o uso de KM em fusões e aquisições; a INA Grupo Schaeffler, e o German Health Group.
Participantes do passeio completo irão também fazer networking com membros da Associação Alemã de KM, que deve ser a SBGC deles, em um evento noturno de queijos e vinhos.
Bem, se eu não sou garoto propaganda desse tour, por que estou eu aqui falando dele?
Confesso que é porque eu fiquei babando com a simples idéia de um dia podermos fazer um programa como esse no Brasil.
Justo aqui no Brasil onde ainda não há, de modo geral, uma clara percepção da necessidade de substituir modelos de negócios que utilizam conhecimentos já prontos, baseados em ambientes de trabalho menos qualificado e produtos, por modelos que envolvam organizações criadoras de conhecimento, capazes de se diferenciar e alcançar maior longevidade.
Aqui, a Gestão do Conhecimento Organizacional é uma área da Gestão Empresarial ainda pouco compreendida e pouco aplicada, que deveria ser a responsável pela modernização de nossas organizações através do aprimoramento dos processos que contribuem para a criação de conhecimento e capacitações dinâmicas, entendidas aqui como conhecimento organizacional.
Quando existe, na maior parte das vezes, o que é chamado de Gestão do Conhecimento Organizacional não passa de Gestão de Documentos, repositórios de documentos difíceis de gerir com poucas ou nenhuma capacidade de filtragem de bons e maus conteúdos, difíceis portanto de auxiliar na criação de conhecimento ou simplesmente se resume a ações de Educação Corporativa.
Quais empresas brasileiras você escolheria para fazer um tour de GC?

Forte abraço

Fernando Goldman

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Goldman's Model of Dynamics of Organizational Learning


Buscando Modelos de Negócios para o Futuro

Prezados

Recebi do KM-Forum a notícia que vai acontecer nos dias 4 e 5 de dezembro de 2008, em Hong Kong e Guangzhou, China, a 10ª “Asia Pacific Knowledge Management Conference”. O tema deste evento será "Managing Knowledge for Sustainable Economic Growth", ou seja, “Gerindo Conhecimento para um Crescimento Sustentável” e tem o sugestivo sub-título de “Buscando Modelos de Negócios para o Futuro”.
Segundo os organizadores do evento, a atual crise financeira global é uma oportunidade para rever alguns dos desafios que as organizações da Ásia enfrentaram após a crise financeira asiática em 1997. Os organizadores colocam ainda em questão se as empresas asiáticas realmente mudaram seus modelos de negócios e aumentaram sua produtividade para alcançar um crescimento sustentável a longo prazo, através do conhecimento e da inovação.
Questionam se os conceitos e idéias da Gestão do Conhecimento realmente afetaram a forma como são geridas as organizações.
Citam, por exemplo, que o jornalista norte-americano, atualmente editorialista do jornal The New York Times, Thomas Friedman, defensor da ecologia e ganhador do prêmio Pulitzer em três ocasiões, vem argumentando que os socorros financeiros, para enfrentar a atual crise, poderiam ser uma oportunidade real para a construção de uma economia global verde e levar a um repensar radical dos atuais modelos de negócio, em todos os setores da indústria.
A grande questão do encontro será: A Gestão do Conhecimento pode contribuir para impulsionar a inovação e a colaboração para a resolução de problemas?
Em paralelo, eu acabo de escrever, em parceria, um artigo, que deverá ser publicado em breve, com o também sugestivo título “COMO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NO SETOR ELETRICO BRASILEIRO PODE CONTRIBUIR COM A SUSTENTABILIDADE”.
Vejam que se firma uma nova linha de pensamento, em que busca-se fazer convergir os conceitos e idéias de KM com o desenvolvimento sustentável.
Voltaremos ao assunto.

Forte abraço

Fernando Goldman

sábado, 1 de novembro de 2008

Larry Prusak entre nós

Prezados
Ontem, 31 de outubro, tive a oportunidade de participar do belíssimo evento, “Práticas atuais de Gestão do Conhecimento para aprendizagem nas empresas”. Foi uma roda de conversa com Larry Prusak, referência mundial em Gestão do Conhecimento, realizado nas belas instalações da VALE, no Shopping Città América, na Barra da Tijuca.
O evento foi organizado pela Ana Cláudia Freire e sua simpática e eficiente equipe, que já vão se tornando uma referência em GC, não só no Rio, mas no Brasil.
Além da excelência das instalações e da recepção, tive o prazer de conhecer pessoalmente o Larry, de quem já era fã de carteirinha pela leitura de vários de seus textos.
É uma sensação muito boa, quando a gente conhece pessoalmente alguém de quem se tem uma imagem muito positiva e as expectativas se confirmam.
Além do total alinhamento com sua forma de pensar, o que não poderia ser diferente, pois a leitura de seus textos me ajudou a construir a maioria de minhas idéias sobre GC, o Larry é um grande contador de historias e o fato de ele abolir completamente o uso do Power Point em suas apresentações é um ganho muito grande para quem está assistindo.
Infelizmente, eu não sou disciplinado a ponto de fazer anotações detalhadas sobre o conteúdo da conversa, mas um ponto sobre o qual venho me batendo e ele reforçou foi a necessidade de se perceber a enorme diferença entre Gestão do Conhecimento e Treinamento.
Por incrível que possa parecer, ainda há quem confunda as coisas e caia na armadilha de colocando as duas atividades na mesma unidade de organograma, pensar que fazendo a segunda, estará automaticamente fazendo a primeira.
Outra história que ele contou foi a da ida do Nonaka a uma grande empresa para um diagnóstico sobre GC e no final de uma semana andando pelas instalações ter dado um único conselho: Tomem chá juntos.
Quantas de nossas organizações não estão precisando "tomar chá juntos"?
Por fim, de tudo que foi dito ficou a mensagem que, diferentemente do que muita gente vem tentando fazer só para cumprir tabela, não há com pensar em Gestão do Conhecimento Organizacional sem pensar no que é o conhecimento e como ele acontece no âmbito organizacional.
Parabéns à turma da VALE por esta bela iniciativa de compartilhar a presença do Larry entre nós.
Forte abraço
Fernando Goldman