quarta-feira, 5 de março de 2008

Podemos ainda aprender com Nonaka e Takeuchi?

Prezados

Uma vez analisado, de forma bem sucinta , como se dá o aprendizado individual, podemos tentar entender porque não existe a dicotomia tácito-explícito. Vale destacar que Polanyi era um físico-químico, um homem de ciência, que em determinado momento de sua vida se tornou filósofo.

A informação acima sobre a vida de Polanyi, que mais parece “nota da Candinha”, aparece em vários artigos sobre o assunto GC e tem uma série de importantes mensagens embutidas. Polanyi não era homem ligado ao ambiente empresarial. Não conheço a biografia dele em detalhes, mas imagino que ele nunca tenha trabalhado em um ambiente assim. Era um cientista.

Na postagem “Podemos ainda aprender com Polanyi ?” eu citei um artigo de Kenneth A. Grant, intitulado "Tacit Knowledge Revisited - We Can Still Learn from Polanyi", em que Mr. Grant levanta a suspeita de que um percentual significativo dos autores de artigos que citam Polanyi como referência, nunca leram nada de Polanyi. Citam-no porque ele é a base conceitual para o modelo de Nonaka e Takeuchi.

Eu, às vezes, me sinto tentado a dizer algo semelhante com relação ao livro de Nonaka e Takeuchi, "A Criação do Conhecimento Organizacional - Como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação".

Podemos ainda aprender com Nonaka e Takeuchi? Muito. Bastaria que as pessoas lessem o livro. Tudo bem, não vou ser tão radical. Vou imaginar que já o leram, mas esqueceram alguns detalhes. Bastaria relerem o livro.

Nonaka e Takeuchi sempre deixaram bem claro que Polanyi era um filósofo. Que ele escreveu um trabalho sobre o conhecimento de um ponto de vista totalmente filosófico. Que ele, falecido em 1976, sequer imaginou que seu trabalho serviria de base para alguns artigos e um livro sobre o conhecimento no âmbito organizacional. Na página 67, por exemplo, eles dizem:

Em nossa visão, contudo, o conhecimento tácito e o conhecimento explícito não são entidades totalmente separadas, e sim mutuamente complementares. ... Nosso modelo dinâmico da criação do conhecimento está ancorado no pressuposto crítico de que o conhecimento humano é criado e expandido através da interação social entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito... Não podemos deixar de observar que essa conversão é um processo “ social” entre indivíduos, e não confinada dentro de um indivíduo .

Continua na próxima postagem.

Forte abraço

Fernando Goldman

5 comentários:

Sérgio Storch disse...

Fernando
Fiquei muito gratificado em ler essa citação. Meu orientador de estudos do marxismo nos anos 70 me dizia que era preciso ler Marx na fonte, e eu achava chatíssimo. O próprio Marx dizia não saber se era marxista :-). Pois vale a máxima "quem conta um ponto tira um ponto". Ou seja, nada como quem nos ajude a perceber que Nonaka não é "nonakista":-)

Um abraço
Sérgio Storch

Ferdinand disse...

Fernando
Encomendei o livro do Nonaka agora há pouco.
No Google, começas a ler e aí pulam 2 páginas, mais um pouco e mais 2. Não há cristão que aguente.

Mas pelo que lí "so far" nos papers do mesmo, fiquei com um pé atrás.
Bem, esperemos o livro, que deve estar na mão na próxima semana.

Abraço
Ferdinand

Karen disse...

Fernando, sobre o modelo SECI, será conseguimos mesmo explicitar o conhecimento tácito ou isso é apenas uma lenda? Porque percebo que as pessoas enxergam algumas coisas de maneiras diferentes, e o conhecimento tácito também está relacionado à maneira que enxergamos as coisas no nosso dia a dia.

Abraços,

Karen Barros

Karen disse...

Fernando, sobre o modelo SECI, será conseguimos mesmo explicitar o conhecimento tácito ou isso é apenas uma lenda? Porque percebo que as pessoas enxergam algumas coisas de maneiras diferentes, e o conhecimento tácito também está relacionado à maneira que enxergamos as coisas no nosso dia a dia.

Abraços,

Karen Barros

Fernando Goldman disse...

Oi Karen

Estou fazendo uma postagem hoje, 08/05/2013, para responder seu comentário.

Forte abraço

Fernando Goldman