terça-feira, 25 de dezembro de 2007

COMO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO PODE CONTRIBUIR PARA A SUSTENTABILIDADE – Final

Ensaio de Fernando Goldman sobre Sustentabilidade e Gestão do Conhecimento, integrante do Caderno “Crescimento Sustentável - Papel da Gestão do Conhecimento”, distribuído aos participantes do KM Brasil 2007.

(Continuação)
Como já foi dito, o conhecimento realmente capaz de se traduzir em vantagem competitiva nasce ou é absorvido a partir do conhecimento tácito. Se assim não fosse, seria facilmente copiado pelos concorrentes. Por isso, é esse conhecimento que realmente conduz a uma diferenciação e produz mais valor. Isto exige ambiente propício para sua criação e seu compartilhamento. Um ambiente de confiança, respeito e interação, difícil de ser alcançado em ambientes fortemente hierarquizados e sob forte influência política e regional. Deve-se então observar cuidadosamente o conceito de Capital Social e sua importância para a Gestão do Conhecimento.
Neste sentido, pode-se identificar a Gestão do Conhecimento como um conjunto de práticas que procuram gerenciar as circunstâncias que o conhecimento precisa para prosperar nas organizações.
É importante destacar que Gestão do Conhecimento não é uma tecnologia, nem um projeto, nem uma solução ou simplesmente um pacote de softwares, mas sim um processo. Um processo que precisa ser sistematizado, necessita funcionar repetida e continuamente, de modo que a organização continue sendo, ou torne-se, altamente produtiva e efetivamente competitiva. Para que isso aconteça, em um mundo de crescente complexidade, mudanças constantes e maior competitividade, o conhecimento precisa ser continuamente criado.
Deve ser destacado, ainda, que embora diferentes autores indiquem o Conhecimento como o fator de produção com melhor relação custo-benefício, são bastante conhecidas as dificuldades em mensurar de forma objetiva os resultados da gestão de seus processos.
Concluindo e resumindo, o conhecimento se faz sentir cada vez mais como recurso estratégico, em especial para que as organizações do Setor Elétrico Brasileiro busquem colaborar com o desenvolvimento sustentável do país. No âmbito organizacional, a Gestão do Conhecimento permite o atendimento à responsabilidade social, importante fator determinante da sustentabilidade. Mesmo as empresas geradoras e transmissoras do Setor Elétrico Brasileiro, cuja infra-estrutura física é determinante para a atividade da organização, e por isso nem sempre atendem diretamente ao conceito de “organizações baseadas no conhecimento”, podem e devem considerá-lo um novo ativo a ser gerenciado.
Por mais de cinqüenta anos, essas organizações têm evoluído, desempenhando missões de grande importância e pioneirismo para o setor elétrico, não só brasileiro como também mundial, propiciando a alguns de seus colaboradores desenvolver competências, conhecimentos e experiências marcadas pela superação de desafios e foco em inovação, permitindo-lhes aumentar constantemente sua base de conhecimentos.
As organizações do Setor Elétrico Brasileiro precisam estar dispostas a novos desafios, pois precisarão criar, absorver e disseminar o conhecimento necessário à adaptação e ao aperfeiçoamento de suas culturas organizacionais aos novos modelos estruturais e regulatórios do setor de energia no Brasil, sob pena de se tornarem obsoletas.
Por uma série de erros de conceituação e modelagem, a Gestão do Conhecimento como aliada da inovação tem sido praticada de forma tímida até o presente nessas organizações, apesar do conhecimento ser reconhecido como um de seus trunfos, desde a sua criação. Pela importância que a criação do conhecimento teve na construção de suas histórias de sucesso, as organizações do Setor Elétrico Brasileiro deverão investir não só na formação e no desenvolvimento de seus profissionais, mas, principalmente, na criação de um ambiente voltado para o conhecimento organizacional, para a inovação e o empreendedorismo, de modo a permitir um crescimento sustentável e responsável. Neste contexto, a condução do processo corporativo de Gestão do Conhecimento não pode mais ser abordado de um ponto de vista meramente teórico, precisando ser o mais rapidamente possível reconhecido como importante elemento de efetividade da governança dessas empresas.

COMO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO PODE CONTRIBUIR PARA A SUSTENTABILIDADE – 3ª Parte

Ensaio de Fernando Goldman sobre Sustentabilidade e Gestão do Conhecimento, integrante do Caderno “Crescimento Sustentável - Papel da Gestão do Conhecimento”, distribuído aos participantes do KM Brasil 2007.

(Continuação)
O Setor Elétrico Brasileiro e toda sua cadeia de produção, apesar de beneficiados ao longo de anos por barreiras à competitividade internacional e terem implantando grandes empreendimentos de geração e transmissão de energia elétrica, muitas vezes de caráter mundialmente pioneiros, não foram capazes de se preparar de forma adequada para as oportunidades que P&D e inovação tecnológica poderiam lhes oferecer. Isso explica a baixa presença das empresas brasileiras no mercado internacional de energia elétrica, mesmo tendo sido pioneiras em diversas tecnologias.
Hoje, essas empresas não apresentam produtos, serviços e soluções adequados para competir internacionalmente e nem no seu próprio mercado interno, cada vez mais exigente e competitivo.
A cooperação entre as empresas do setor, as universidades, os centros de pesquisa e os órgãos governamentais beira à simples retórica.
Torna-se fundamental o Setor Elétrico Brasileiro perceber que não basta estimular e reconhecer a importância da propriedade intelectual, do registro de patentes, do culto à invenção e inovação, como algumas organizações desse setor vêm fazendo. Para que ocorra a inovação, resultante freqüentemente de novas combinações de conhecimentos, é necessário que as organizações e os diversos agentes que compõem o Setor Elétrico Brasileiro estejam não só preparados, como adequadamente mobilizados para ela.
É preciso aceitar o fato de que os conhecimentos tácitos de uma organização só se desenvolvem e se difundem adequadamente quando acompanhados de mecanismos de Gestão do Conhecimento sistematizada e que esses conhecimentos são cruciais no processo de criação do conhecimento organizacional, em busca da inovação.
Há a necessidade de se aprofundar o Aprendizado Organizacional no Setor Elétrico Brasileiro, apontando as dificuldades enfrentadas por suas organizações ao implantar processos de Gestão do Conhecimento de forma sistematizada e as repercussões dessas dificuldades na Gestão da Inovação.
Nunca é demais repetir que o conhecimento tácito, crucial para as inovações que realmente se traduzem em vantagem competitiva, nasce nas pessoas. Apesar disso, não é nos setores de "Gestão de Pessoas" das organizações que esse conhecimento está localizado, sendo necessário haver processos de Gestão do Conhecimento, permeando toda a organização.
Esses processos de Gestão do Conhecimento têm como elemento central as pessoas, a quem cabe, através de criatividade e interação, criar e desenvolver novas capacidades de ação produtiva mais eficazes, ou seja, inovações.
Assim, embora não se possa deixar de reconhecer a importância do estímulo ao correto uso do sistema de propriedade intelectual como instrumento estratégico para o desenvolvimento industrial e tecnológico no Setor Elétrico Brasileiro, uma cultura voltada ao conhecimento inovador, permitindo realmente às organizações liderarem em seus segmentos, não acontece por acaso. É fruto de uma Gestão do Conhecimento adequada e sistematizada.
O conhecimento é entendido nos dias atuais como um bem apropriável, passível de patenteamento ou outras formas de propriedade intelectual. No setor elétrico, atualmente, observa-se um estímulo do correto uso do sistema de propriedade intelectual, sem a adequada ênfase nos fatores ambientais, que irão propiciar a criatividade, a invenção e a conseqüente inovação. Enquanto isso, muitas organizações de outros setores valem-se tão somente do segredo industrial como meio
mais eficaz de resguardar sua criação de conhecimento e suas posições de liderança efetivamente conquistadas.
O Aprendizado Organizacional, que não é um “processo indolor”, precisará estar cada vez mais na cultura das organizações do Setor Elétrico Brasileiro, buscando o conhecimento compartilhado e o aprendizado coletivo, tornando-se parte do dia-a-dia em todos os níveis e em qualquer de suas múltiplas atividades. Também não se pode deixar de notar a importância dessas organizações fazerem a Gestão das Informações de si próprias, de sua gestão, de seus processos e de seu ambiente de negócios. A correta Gestão da Informação, embora insuficiente, é fator básico para a evolução de qualquer organização e viabilizadora da Gestão do Conhecimento Organizacional.
Na verdade, aqui está o ponto crucial. Não há soluções simples, mecânicas ou “mágicas”. Não basta automatizar a coleta e o tratamento de informações. É preciso haver processos de Gestão do Conhecimento pelos quais seres humanos desenvolvam novas capacidades de ação eficaz, entrando em contato com outros seres humanos que se sintam motivados a compartilhar e criar novos conhecimentos.
Continua...

COMO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO PODE CONTRIBUIR PARA A SUSTENTABILIDADE – 2ª Parte

Ensaio de Fernando Goldman sobre Sustentabilidade e Gestão do Conhecimento, integrante do Caderno “Crescimento Sustentável - Papel da Gestão do Conhecimento”, distribuído aos participantes do KM Brasil 2007.

(Continuação)
Na década de 1980, o Setor Elétrico Brasileiro começou a sentir os efeitos de uma crise devido ao esgotamento do modelo então vigente, para setores de infra-estrutura, em que o desenvolvimento e o financiamento tinham como base central o papel do Estado como investidor único. Do imobilismo e da lentidão de reação então observados, passando por fórmulas impostas por outras áreas de governo, o setor hoje passou a buscar financiamentos para novos empreendimentos e novas fontes de energia, vivendo uma realidade em que são constantes as mudanças das regras.
A quantidade de resoluções normativas publicadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), além de leis, decretos, portarias ofícios de diversos órgãos ligados ao setor, vem fazendo a regulamentação do setor se assemelhar a uma colcha de retalhos e já há várias vozes que clamam por uma consolidação dessas regras.
Tais fatos vêm afetando e afetarão a Gestão Energética no Brasil, devido ao choque entre a necessidade de criatividade e bom senso na busca de novas soluções – inovações – e um certo conservadorismo, uma certa inércia, nos paradigmas de planejamento e operação otimizada do setor elétrico.
É verdade que, por um lado, alguns desses paradigmas ajudaram a construir, a partir da década de 1970, um sistema interligado, predominantemente hidroelétrico, único no mundo por suas dimensões e características de otimização. Por outro lado, a implantação de um novo modelo, de fundamentação teórica neoliberal, na década de 1990, abandonando a primazia da solução hidrelétrica, impondo ao setor soluções típicas de sistemas com outras características físicas e geográficas, foi incapaz de garantir a expansão do Sistema Interligado Nacional, de forma consistente e equilibrada, levando o setor à chamada “crise do apagão”, em 2001, o que só veio reforçar as idéias mais conservadoras.
As mudanças mais recentes na geração, na distribuição, no mercado livre e na retomada do planejamento determinativo de longo prazo garantiram, durante algum tempo, uma certa estabilidade ao setor, ajudada por um baixo crescimento do PIB. Porém, os Grandes Consumidores já percebem que, com as curvas de oferta e demanda se cruzando em breve e os custos da transmissão crescendo a uma velocidade preocupante, há necessidade de buscar soluções mais variadas e criativas, como o caminho para atender às necessidades energéticas de um novo ciclo de desenvolvimento.
Dos quatro fatores que compõem a sustentabilidade, o desenvolvimento socialmente justo talvez seja o mais sujeito a interpretações dentro do setor elétrico, sendo muitas vezes distorcido. A chamada responsabilidade social deveria se iniciar pelo desenvolvimento de ambientes funcionais adequados e motivadores nas próprias organizações, atraindo os melhores talentos e viabilizando a inovação, a melhoria contínua e o aprendizado organizacional, propiciando a constante adaptação aos ambientes de negócios existentes no setor, buscando o sucesso no futuro.
A primeira responsabilidade social de qualquer organização, em qualquer setor, deveria ser com relação a seu futuro e isto implica em se preocupar com sua própria longevidade e com a plena realização de seus colaboradores.
As empresas federais de Geração e Transmissão de energia elétrica, por exemplo, que no passado demonstraram capacidade de propor soluções técnicas e organizacionais inovadoras, vêm interpretando a responsabilidade social como a construção de praças públicas em cidades do interior e cursos de padaria para comunidades carentes. Elas não dão a devida importância ao processo de privatização aliada à desnacionalização que o setor assiste, e não demonstram capacidade de propor soluções alternativas.
Continua ...

COMO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO PODE CONTRIBUIR PARA A SUSTENTABILIDADE – 1ª Parte

Ensaio de Fernando Goldman sobre Sustentabilidade e Gestão do Conhecimento, integrante do Caderno “Crescimento Sustentável - Papel da Gestão do Conhecimento”, distribuído aos participantes do KM Brasil 2007.

O relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, “Nosso Futuro Comum”, estabeleceu o desenvolvimento sustentável como “aquele que satisfaz às necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.
Hoje, vinte anos depois, de uma forma mais abrangente, nações e organizações - públicas, do terceiro setor ou privadas - buscam o Desenvolvimento Sustentável como aquele que atende a quatro fatores determinantes: economicamente viável, socialmente justo, ecologicamente correto e culturalmente aceitável pela sociedade. O futuro de todos nós depende simultaneamente dos resultados nessas diferentes dimensões.
Os quatro fatores acima citados compõem a chamada sustentabilidade, ganhando aspectos dramáticos na área energética, não só no Brasil, mas no mundo. A área energética exerce papel fundamental nesse contexto, visto ter implicações diretas nas questões sobre mudanças climáticas, uso racional dos recursos energéticos e mecanismos de incentivo à busca de fontes renováveis e mais limpas de energia.
O papel da energia em nossa sociedade é fundamental. Cada vez mais a humanidade será dependente da disponibilidade de energia. O Brasil, em especial, precisa dela não só para o crescimento econômico, mas para ampliar a cidadania e atender às demandas derivadas do processo de redistribuição de renda, importante aspecto do desenvolvimento sustentável. Basta ver o valor e a volatilidade da chamada elasticidade-renda brasileira, relação entre as variações percentuais do consumo de energia e do valor do PIB correspondente.
Como bem se sabe, as fontes primárias de energia são as biomassas, as energias potenciais hidráulicas, os combustíveis fósseis (petróleo, gás natural, carvão), o urânio, a radiação solar, o vento, etc. A energia elétrica, fonte secundária de energia, se destaca pela flexibilidade e ainda por uma gama de elaboradas aplicações, tornando-a insubstituível em muitos setores da sociedade moderna. Trata-se, pois, de energia obtida a partir da conversão de outras fontes de energia. Os processos de conversão e o de transmissão à distância implicam, ambos, em perda irreversível de parte da energia original, alimentadora da conversão.
No Brasil, décadas atrás, em função do farto potencial hidráulico inicialmente disponível para aproveitamento na geração de energia elétrica, a custos muito atrativos, a eletricidade assumiu papel de destaque. Isso explica o elevado grau de utilização de energia elétrica em nossa matriz energética.
No entanto, a Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro, iniciada nos anos 1990, ainda não alcançou plenamente os resultados desejados e necessários a um ciclo de desenvolvimento sustentável.
No planejamento do setor, há uma insistência na aplicação de técnicas utilizadas no passado com grande sucesso, privilegiando a geração centralizada e os grandes empreendimentos. Ou seja, há uma ênfase exagerada em equilibrar cada novo aumento da demanda de energia elétrica com a expansão de sua oferta, através da identificação dos grandes e melhores empreendimentos a serem construídos, hidrelétricos ou não, bem como as correspondentes ampliações da malha de transmissão e distribuição. O foco é na produção. Essa abordagem talvez já não atenda plenamente o mundo atual.
Hoje, as sucessivas inovações tecnológicas, a intensa atividade de P&D, as crescentes restrições ambientais e a tendência à elevação dos preços da produção de energia elétrica por fatores mercadológicos, por exemplo, levam o foco para a restrição à demanda de energia elétrica. Quer pela ênfase na eficiência energética, quer pela troca de fonte ou forma de suprimento. Há uma tendência de se avaliar novas soluções para a área de energia. Algumas tecnologias vistas no passado recente apenas como ficção agora se apresentam com maior viabilidade.
Em contrapartida, soluções antes consideradas ideais mostram-se inadequadas em um ambiente de negócios ágil, competitivo, dinâmico, globalizado e complexo, exigindo adaptação constante, tendo como palavra de ordem a “sustentabilidade”, vista em todos os seus aspectos.Esse processo se acelera e não pode mais ser desconsiderado. O Setor Elétrico Brasileiro precisará decidir se participará desse processo como ator ou como espectador. Se irá alavancar novas soluções ou será apenas uma simples barreira a ser vencida.

continua...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Mensagem de Fim de Ano

A todos que acessam esse blog, meus votos de um 2008 repleto de sonhos e realizações, pois como disse o poeta:

"O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esperança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte -
Os beijos merecidos da Verdade."
(Fernando Pessoa – Horizonte)

Forte abraço

Fernando Goldman

sábado, 8 de dezembro de 2007

Palestras no ENICEE

Prezados

As palestras apresentadas no ENICEE estão disponíveis nos seguintes links:


Aprendizado Organizacional,Gestão do Conhecimento e Inovação nas Geradoras Verticalizadas:

http://www.protec.org.br/arquivos/eventos/download/Fernando%20GoldmanUFF.pdf


Como a Reestruturação do Setor Elétrico vem inibindo a Inovação em Fontes Alternativas e Geração Distribuída:

http://www.protec.org.br/arquivos/eventos/download/Goldman.pdf

Forte abraço

Fernando Goldman

O Paradoxo da Inovação

Segue postagem no fórum da SBGC, em 08/12/2007, disponível em :

http://www.portalsbgc.org.br/sbgc/foruns/tm.asp?m=4841&forumid=&mpage=1&key=&#4851


Obrigado Cláudio por seus comentários elogiosos ao artigo.

Como você propõe, vamos tentar nos aprofundar, ver se mais gente tem contribuições a dar e se não conseguirmos obter as necessárias inovações no Brasil, pelo menos que entendamos melhor o porquê de não conseguí-las.

Em artigo de 16/10/2007, publicado no DCI, o Professor Dr. Michael P. Ryan, diretor do Centro de Economia Criativa e Inovadora da Faculdade de Direito da George Washington University, afirma que apesar das significativas mudanças institucionais, como, por exemplo, a Lei de Inovações de 2004, as inovações tecnológicas no Brasil ainda se vêm restringidas por práticas, normas, regulações e processos públicos e administrativos pouco propensos à inovação.

Repare que essa opinião converge com o artigo " Por que o Brasil é ruim de inovação", do Clemente Nóbrega, encaminhado por você a esse fórum.

Além disso, considera aquele Professor americano limitados os recursos por parte da iniciativa privada e que o país está também carente de relações internacionais de colaboração e investimentos estrangeiros, fatores vitais que tanto estimularam a inovação em países como China e Índia.

Ora, o problema de como lidar com a inovação não é uma exclusividade brasileira, basta ver o que Stephen Denning, ex-diretor de Gestão do Conhecimento do Banco Mundial , em seu Livro “O poder das narrativas nas organizações’, chama de “ O Paradoxo da Inovação”.

Porém é preciso perceber que no Brasil, foco de nosso interesse nesse fórum, o paradoxo da inovação se acentua, graças a uma cultura de falta de aprendizado organizacional em nossas organizações. Em especial, as instituições públicas .

Parece um pleonasmo ou mesmo uma tautologia falar em Aprendizado Organizacional de nossas organizações, mas não é. Não pode, nem deve ser desconsiderada a importância de se diferenciar o aprendizado individual do organizacional, sob pena de continuarmos vendo o pessoal de RH fazendo planos mirabolantes de Educação Corporativa, Educação à Distância, Treinamentos, Desenvolvimentos e etc. acreditando, de boa fé, estarem promovendo automaticamente o Aprendizado Organizacional e a Gestão do Conhecimento.

Há gente apostando em Universidades Corporativas como solução única para corrigir as deficiências de aprendizagem de suas organizações e propiciar a Gestão do Conhecimento. Há gente acreditando que fazer uma espécie de "Páginas Amarelas" de especialistas é suficiente. Assim como há gente que acredita honestamente estar propiciando a inovação ao organizar cursos sobre registro de patentes.

Segundo Denning:

Se a inovação é um paradoxo, então – como ocorre em qualquer paradoxo - a
solução deve estar na reavaliação dos pressupostos fundamentais da mentalidade
que está sendo aplicada.


Implica dizer que para mudar as práticas, normas, regulações e processos públicos e administrativos de nossas organizações precisamos antes de mecanismos que possibilitem essas mudanças e esses mecanismos passam necessariamente pela correta, sistematizada e sustentada Gestão do Conhecimento Organizacional.

Parafraseando Rui Barbosa:

O mais são desvarios da inveja do orgulho ou da loucura.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Aprendizado Organizacional,Gestão do Conhecimento e Inovação nas Geradoras Verticalizadas.

No dia 27 de novembro passado, fiz uma apresentação no ENICEE - 1º ENCONTRO NACIONAL DE INOVAÇÃO EM COMPONENTES E EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS. Segue resumo da apresentação:

O objetivo central foi analisar o Aprendizado Organizacional das Geradoras Verticalizadas brasileiras, apontando as dificuldades enfrentadas por elas ao implantar processos de Gestão do Conhecimento – GC - de forma sustentada e as repercussões dessas dificuldades na Gestão da Inovação. O conhecimento tácito, crucial para as inovações que realmente se traduzem em vantagem competitiva, nasce nas pessoas. Apesar disso não é nos setores de "Gestão de Pessoas" das organizações que esse conhecimento está localizado, sendo necessário haver processos de GC, permeando toda a organização. Esses processos de GC têm como característica central o fato de que são pessoas, através de criatividade e interação, que criam e desenvolvem novas capacidades de ação produtiva mais eficazes, ou seja, inovações. Serão conceituadas 3 gerações de GC e mostrado que, embora não se possa deixar de reconhecer a importância do estímulo ao correto uso do sistema de propriedade intelectual (documentos de patentes, etc.) como instrumento estratégico para o desenvolvimento industrial e tecnológico em nosso país, uma cultura voltada ao conhecimento inovador, que realmente permita às organizações liderarem em seus segmentos, não acontece por acaso, sendo fruto de uma GC adequada e sistematizada.

Esta apresentação foi baseada no artigo técnico:Considerações analíticas das relações entre gestão do conhecimento, inovações tecnológicas e organizacionais, apresentado no SEGET- outubro/2007 cujos autores são o Prof. Dr. Nivalde J. de Castro - Instituto de Economia da UFRJ e Coordenador do GESEL – Grupo de Estudos do Setor Elétrico e eu.