quarta-feira, 4 de julho de 2007

Gestão da Informação é uma parte do que a GC trata ?

O texto a seguir foi enviado originalmente para GC-I@yahoogrupos.com.br em 3 de Dezembro de 2006 respondendo a uma questão levantada com o título "Gestão da Informação é uma parte do que a GC trata ?".

Resolvi adaptá-la como postagem inicial desse blog, pois imagino que a mesma pode começar um bom bate-bola.

Prezados

Quero, antes de tudo, corroborar suas idéias de que trocar "Gestão do Conhecimento" por "Gestão da Informação" seria reduzir muito a importância da GC, e também a de que a "Gestão da Informação" certamente é importante, mas é uma parte pequena do que a GC trata.

Bem, se fosse só para concordar com todo mundo, não haveria porque escrever. A verdade é que não faltam nem autores nem idéias sobre GC. E há muitas idéias e práticas sobre o assunto totalmente erradas. A gente vê isso no dia-a-dia das organizações.

Eu, longe de me colocar como dono da verdade, gostaria de propor um caminho para entender um pouco melhor o que está por trás de tudo isso.

A meu ver um bom ponto de partida é entender que o mundo vem passando por rápidas e profundas transformações.Diversos setores econômicos têm passado por processos de reestruturação e desregulamentação, pelas mais diferentes razões, mas sempre expondo as organizações a um importante desafio: Se adaptar continuamente aos novos ambientes que se apresentam.

Peter Senge escreveu, no já distante ano de 1990, o livro “A Quinta Disciplina – Arte, Teoria e Prática da Organização de Aprendizagem” – que revolucionou a gestão empresarial. Esse livro foi considerado pela Harvard Business Review como um dos livros mais marcantes desde que a revista foi criada. O conceito de "organização de aprendizagem" causou grande impacto nas práticas de gestão da década de 90, continuando atual e poderoso.

Embora tal expressão tenha se consagrado entre nós, a melhor tradução de “Learning Organization” seria “uma organização que aprende continuamente”, ou seja, uma organização modelada para encorajar todos a continuar pensando,inovando, colaborando, falando abertamente, melhorando suas capacidades, comprometendo-se pessoalmente com seus futuros coletivos.

Quem trabalha em organizações tradicionais, ainda bastante hierarquizadas, vê tudo isso apenas como um sonho.

Às organizações de um modo geral, e especialmente às mais tradicionais, não basta apenas serem consideradas momentaneamente bem sucedidas. Elas devem ter como objetivo central sua sobrevivência, sua longevidade, estando preparadas para suportar os sobressaltos das mudanças constantes e a concorrência de longo prazo, aprendendo rapidamente e adaptando-se continuamente a seu ambiente de negócios.

Quem trabalhou na Varig ou tem parentes e amigos lá, sabe avaliar a importância do conceito de longevidade das organizações.

A idéia principal do livro de Senge, corroborada por diversos outros autores, ao estudar as organizações de um modo geral, é de que:

“A capacidade de aprender mais rápido que os concorrentes é a única vantagem competitiva realmente sustentável a longo prazo para uma organização”.

O termo “Aprender” deve ser entendido aqui em seu sentido mais nobre, implicando em uma profunda mudança de mentalidade, e não na simples assimilação de informações.

Capacidade de aprender significa aqui capacidade de se adaptar.

Conhecimento é o diferencial. Não apenas o “saber”, mas o “conhecimento” que é o "saber em ação". Está em jogo não apenas a capacidade de aprender, e sim a capacidade de aprender mais rápido que os concorrentes. De inovar.De empreender.

Para tal, informação, não importa a quantidade ou a velocidade com que chegue, não é suficiente. É preciso “conhecimento”. Conhecimento que certamente está nas pessoas e precisa preparar outras pessoas, que crie vantagem competitiva sustentável, capacidade de se adaptar e se superar continuamente. Conhecimento quase sempre Tácito, mas aí já é outra história.

Agora é vez de vocês, contra-argumentos ou corroborações?

Forte abraço

Fernando Goldman

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